domingo, 4 de outubro de 2009

NOTÍCIAS DE UM AMIGO

Entre Dublin e Praga
O jovem arquitecto português que votaria "sim"

É de Torres Vedras, emigrou, voltou a Portugal e escolheu o Alentejo para experimentar uma vida diferente das grandes cidades. "Mas o isolamento vai-nos tolhendo as possibilidades". Acabou na Irlanda, com a mulher, que é checa e que conheceu na Áustria, e a filha, Miriam, que nasceu em Portugal mas viveu quase todos os seus três anos na pequena e tranquila Malahide, a norte de Dublin.
Nem Telmo Andrade nem a mulher, Milena, votaram ontem. Não podem. Telmo acha que a campanha foi sobretudo de "desinformação". O partido do empresário Declan Ganley, Libertas, fez "uma campanha aterrorizadora". "Dizia "se não sabe não vote", em vez de explicar as suas posições." Do lado do "sim", assistiu a uma campanha nem sempre esclarecedora mas "mais positiva". Teria contado com o seu voto. "A UE é uma colossal máquina burocrática", uma "construção imperfeita" mas "absolutamente necessária".
Milena, que vem de um país que anda às voltas com o tratado - um grupo de senadores checos recorreu contra o texto na justiça -, também não gostou da campanha do "sim", mais preocupada em dizer às pessoas como votar do que em explicar motivos.
Telmo e Milena, arquitecta paisagista como ele, a fazer um doutoramento, não vão ficar aqui. Segue-se Praga. Não vão sair por causa da crise, mas esta nota-se na área da construção. Há três anos ainda se sentia o boom económico que por toda a Europa era apresentado como exemplo e os projectos choviam. Agora os dois primeiros ateliers em que Telmo trabalhou "mirraram". Saiu para uma empresa de construção onde é o único arquitecto.
A crise chegou no ano passado. Na Primavera "as pessoas já estavam um bocadinho receosas". Em Setembro, quando os bancos começaram a ter de ser salvos, "havia um clima muito pesado". A partir daí foi o descalabro. Acha que a recuperação vai demorar mas virá. E com ela uma "certa normalidade, sem a loucura e a falta de regras do Tigre Celta". O tratado vai passar, acredita. Apesar de viverem as consequências do crescimento irreal, "as pessoas estão a assumir a responsabilidade do seu voto". S.L.
Público on Line 03.10.2009

1 comentário:

Unknown disse...

Aqui mesmo e pelo proprio:

1 - Muito me honra a atencao que me dispensam.

2 - Declaro-me uma especie de exilado politico por ter sido serio e nao lambe-botista.

3 - Como sabem comprei casa no Alandroal e sempre acreditei no potencial do Concelho.

4 - Depois destas eleicoes podera respirar-se de novo com confianca no Alandroal ou a regressao atroz ao Caciquismo medieval.