domingo, 28 de novembro de 2010

JOÃO GRILO AO "NOTÍCIAS ALENTEJO"

«É em momentos de crise que se devem procurar novas soluções»



João Grilo, presidente da Câmara de Alandroal (independente), diz que o poder local, por força de todas as competências que sobre si recaem, vive “virado para si próprio” à escala de cada concelho e considera, por isso, que o país necessita de uma estrutura de decisão intermédia. Em resposta a uma questão colocada pelo Notícias Alentejo sobre a regionalização, o autarca acrescenta que em momentos de crise se devem questionar os paradigmas vigentes e procurar novas soluções.

A regionalização é um tema que tem marcado a agenda política regional. Concorda com a necessidade de avançar para o modelo de regiões administrativas? De que forma?

Penso que é cada vez mais evidente no nosso país a necessidade de uma estrutura de decisão intermédia entre o poder local e o poder central.

O poder local, por força de todas as competências que sobre si recaem vive “virado para si próprio” à escala de cada concelho, sendo que a maior parte das iniciativas regionais que ultrapassam essa escala estão mais dependentes da vontade que, por vezes, os autarcas têm de trabalhar em articulação (sobretudo entre “vizinhos”) do que de qualquer outro factor.

Por outro lado, o poder central revela-se muitas vezes incapaz de compreender as dinâmicas regionais e dar resposta às mesmas em tempo útil.

Assim, é fundamental a existência de uma estrutura decisória intermédia capaz de fazer a região funcionar como um todo e perspectivar o seu desenvolvimento a médio e longo prazo.

Seja qual for o modelo, penso que é imperativo que este processo seja desenvolvido sem mais custos para o país. A conjugação de todas as estruturas regionais existentes – CCDRs, governos civis e diferentes direcções regionais – associada a um emagrecimento da máquina central poderia, inclusive, traduzir-se numa economia de recursos.

Muitas vozes defendem que pelo facto de estarmos a atravessar um momento de crise esta questão não é prioritária na agenda política. Penso absolutamente o contrário. É em momentos de crise como este que se devem questionar os paradigmas vigentes e procurar novas soluções.

No actual quadro de diminuição da despesa pública, teme-se que os cortes orçamentais acabem por atrasar alguns investimentos, nomeadamente a construção de um novo hospital em Évora. Considera que o distrito e a Região estão em condições de fazer vingar a ideia de construção de uma nova unidade hospitalar como uma prioridade?

Espero que sim. Espero que não se atrase a oportunidade de dotar a região de uma unidade hospitalar que possa acabar de vez com a constante e diária deslocação de milhares de doentes de todo o Alentejo para Lisboa, com todos os custos que isso representa, não só financeiros, mas sobretudo humanos, pela redução de qualidade de vida que estas deslocações representam.

Por outro lado, a afirmação da região como destino turístico de excelência está também, em grande parte, dependente do sentimento de qualidade e proximidade dos serviços de saúde que os turistas experimentam. E este não é um factor a descurar. Aliás, considero que esta é uma questão fundamental não apenas a nível das cidades do Alentejo mas de todas as sedes de concelho.


Quinta, 25 de Novembro de 2010

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