sexta-feira, 21 de março de 2014

ENTREVISTA AL TEJO 3ª E ÚLTIMA PARTE


Uma das acusações que lhe são feitas são os contratos por ajuste direto, visíveis no “site” BASE, principalmente aos contratados para leitura do consumo da água e arranjo dos lancis.  Ainda com a 3H. Poderá esclarecer todos aqueles que colocam duvidas sobre esta questão?
Não vou falar de pessoas, empresas ou contratos em particular. Todos os contratos por ajuste directo celebrados pela câmara ao longo dos 4 anos de mandato são públicos. Nunca tivemos nada a esconder. Também todos foram feitos no escrupuloso respeito pela lei. Todos resultam das legitimas opções políticas de quem tinha que governar um concelho com muitas exigências e necessidades para dar a melhor resposta possível aos municípes. Sempre na procura do equilíbrio difícil entre os recursos utilizados e os resultados esperados. Tudo o resto são conversas de quem procuram encontrar “casos” sem saber, muitas vezes, do que está a falar.
Mais uma vez, é importante não esquecer o ponto de partida!
Herdámos um mapa de pessoal da câmara muito desajustado da realidade do concelho. Este facto é particularmente notório e grave para os serviços de exteriores (o chamado “pessoal de campo”). Esses sectores estão profundamente desajustados das reais necessidades em termos de pessoal e embora tenhamos tentado lançar concursos de admissão de pessoal ao longo do mandato para preencher essas lacunas, nunca fomos autorizados pelo governo por causa do excesso de endividamento herdado.
Ou seja, os lugares para contoneiros de limpeza, pedreiros, canalizadores, motoristas, electricistas, coveiro, etc. nunca puderam ser preenchidos.
Aliás, durante o meu mandato, pelos motivos já descritos, não entrou “para os quadros da câmara” uma única pessoa!
Até as progressões estiveram congeladas praticamente desde o início do mandato e até ao final do mesmo!
Como é fácil de compreender, se estes lugares tivessem sido providos teria diminuido muito a nossa necessidade de recorrer a serviços externos.
Tenho a certeza que estávamos a trabalhar para tirar o máximo partido dos recursos da câmara para dar o máximo de respostas e chegar no mais curto espaço de tempo aos munícipes e às suas necessidades.
E nestas coisas, quando a manta é curta, não há milagres. Tapa-se a cabeça, destapam-se os pés. Se hoje os trabalhadores estão reorganizados para acudir a respostas que estavam contratadas externamente, isso vai resentir-se em algum lado e os munícipes vão notar. Tenho a certeza que isso se vai traduzir em perda de eficiência, demora na resposta e, em alguns casos, custos adicionais para a câmara. É completamente diferente para o munícipe e para a câmara um contador de água estar avariado 2 dias ou um mês! O munícipe perde a paciência e a câmara muito dinheiro. E este é só um exemplo.
Não admito é que digam que essas colaborações não eram necessárias para o bom funcionamento da câmara, traduzido na prestação de serviço público de qualidade, porque essa foi sempre a nossa prioridade.
Permita-me ainda salientar que algumas dessas colaborações estavam a ser suportadas por financiamento comunitário e que outras se pagavam a si próprias várias vezes pela poupança ou pela receita gerada. Muitas vezes, simplesmente acabar com as coisas não é a forma mais eficiente de poupar!

Embora ainda a larga distância das próximas eleições é sua intenção voltar a candidatar-se?
O meu percurso à frente da câmara municipal do Alandroal não foi interrompido por minha vontade, nem por vontade do povo ou do voto. Foi interrompido pela falta de respeito de uns quantos pelo direito que uma clara maioria tinha de expressar uma vontade. E essa vontade era a minha continuação à frente da câmara.
Mas como todos sabem, houve um punhado de pessoas, que com o recurso à mais reles denuncia, por questões quase insignificantes de forma e não de conteúdo, se sentiram no direito de roubar aos outros a liberdade de escolha.
Há, no Alandroal, pessoas que se dizem democratas mas que se sentem no direito de roubar a liberdade e os sonhos dos outros!
A candidatura do MUDA era 100% igual à candidatura do MICRE.
No Redondo todas as candidaturas respeitaram o direito das pessoas de fazerem a sua escolha em liberdade.
No Alandroal houve denuncias, queixas para várias instâncias mesmo depois de duas decisões dos tribunais favoráveis ao movimento. Perseguição até ao fim.
No Redondo o MICRE governa com maioria e com toda a legitimidade.
No Alandroal o MUDA foi afastado da câmara e de todos os órgãos autárquicos do concelho.
A minha pergunta continua a ser: onde é que se fez Justiça? Onde é que a Democracia funcionou melhor? No Redondo ou no Alandroal?
Tudo isto para dizer o quê? Tudo isto para dizer que por maior que seja o sentimento de profunda injustiça que nos atravessou a todos, o tempo não volta para trás e é para a frente que temos que olhar.
Sinto que ainda posso dar muito ao Alandroal, sinto que o meu percurso à frente da câmara do Alandroal foi prematura e artificilamente interrompido. Sinto que os princípios, os valores e os ideais que defendo são os que melhor podem servir o Concelho. Sinto que a experiência, os projectos e as linhas de actuação que procuro são as que melhor podem contribuir para o seu desenvolvimento. Sinto-me capaz de mobilizar as pessoas e as vontades certas para continuar a mudança necessária.
Mas como em tudo na vida, este meu sentimento tem que encontrar eco nos eleitores. A primeira obrigação de um político devia ser, com humildade, perceber se é ou não desejado.
Não serei nunca candidato a qualquer preço. Nunca serei um candidato que as pessoas não queiram, que não tenha uma base alargada de apoio ou um candidato “cujo tempo já tenha passado e só ele é que não percebe”. Desses já por aí temos muitos.
Mas se em 2017 eu sentir nas pessoas a mesma força e a mesma vontade que me transmitiram em 2009 e 2013 e ainda me transmitem hoje, então vão ter que contar comigo porque nunca serei eu a virar as costas ao concelho!

Caso o pretenda convido-o a deixar aqui uma palavra para todos os habitantes do Concelho, não só aos que o apoiaram como a todos aqueles que por vezes se mostraram digamos menos cooperantes.»
Deixo palavras de agradecimento. A todos os que me apoiam hoje e me apoiaram desde o início, sobretudo quando não tinham nada a ganhar e muito a perder.
A todos os que me ajudaram, dentro e fora da câmara, nos 4 anos de mandato,  a cumprir melhor o meu papel de presidente. Não há nenhuma actividade humana que esteja isenta de erros – muito menos uma tarefa tão complexa como esta – e portanto, também cometi alguns. Mas a ajuda de todos os que estão à nossa volta é fundamental para minimizar esses erros e fazer um trabalho melhor.
Agradeço também a todos os que, não me apoiando ou não concordando comigo, tiveram a frontalidade de o assumir e souberam manter o respeito e a amizade que deve haver entre adversários e colocaram, assim, os interesses do Concelho acima de tudo.
Podia ter chegado ao fim do mandato e sentir que o meu trabalho, as minhas prioridades e as minhas acções não tinham sido compreendidos ou bem recebidos pelas pessoas e que não havia vontade de me reconduzirem no cargo. Mas os sentimentos que me chegaram foram sempre outros, de apoio, de incentivo, de vontade de me verem a continuar o trabalho iniciado.
Apesar da forma como aconteceu, saí com esse conforto, sem nenhuma amargura, portanto, e em paz com os munícipes e com o concelho.
Continuo a defender que independentemente de quem tem a responsabilidade momentânea de governar, o Concelho precisa de se unir em torno dos grandes desafios e deixar os diferendos para os momentos eleitorais. Estarei sempre disponível para fazer a minha parte nesse processo.*

Deixo aqui uma palavra de agradecimento ao Professor João Grilo pela deferência concedida e uma palavra de  admiração pela coragem demonstrada, sabendo de antemão que com esta entrevista se sujeitava a criticas contraditórias. Deu a cara, não fugiu a qualquer das questões formuladas por mais pertinentes que as mesmas fossem.
Obrigado
Chico Manuel

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