Miguel Sousa Tavares
Espresso, 23 de Outubro de 2010
Sejam bem-vindos ao Alandroal. Um concelho alentejano lindíssimo e de que recomendo a vila de Terena e uma visita ao seu castelo.
Agora, alguns dados sobre o Alandroal: o concelho tinha, no censo de 2006, exactamente 6187 almas (infelizmente è provável que o numero tenha diminuído e não aumentado). Para assistir devidamente os seus 6187 habitantes, o concelho tem nada menos do que dezasseis freguesias (sic) e a Câmara Municipal emprega 220 funcionários, mais a vereação – ou seja, um funcionário camarário para cada 28 habitantes.
Para poder alimentar este exército camarário seria de supor que a Câmara gozasse de uma privilegiada situação a nível de receitas. Não, infelizmente: segundo nos informa o “Diário de Noticias”, o município sobrevive “praticamente sem receitas próprias”, que não as que recebe das transferências do Orçamento do Estado.
Uma visita à terra mostra-nos porquê e explica-nos que há bens que vêm por mal : lá isolado, em plena planície, longe da costa e do Alqueva, o município não pode acrescentar às verbas do OE as que resultariam do imposto municipal sobre imóveis referentes a urbanizações e aldeamentos turísticos, marinas e campos de golfe que não tem.
O Alandroal está assim preservado dos PIN e do desvario urbanístico e paga por isso um preço, pois que a lógica do ordenamento do território em vigor estabelece que quem mais constrói, quem mais construção autoriza, mais dinheiro tem.
O Alandroal vive, pois exclusivamente à custa dos contribuintes. Note-se não são os habitantes (que, esses gozam de outros apoios sociais): é o próprio concelho. Ora, isto é meio caminho andado para a desgraça e para a irresponsabilidade: é sabido que quem vive de gastar o que não tem, não lhe dá o devido valor.
Não admira, pois que, entre 2001 e 2009 e ao ritmo de três milhões por ano, o concelho tenha acumulado uma divida de 28 milhões de euros (4525 por habitante, a acrescentar aos cerca de 13.000 que cada português deve em nome da Republica). Em 2008, o município, liderado por um socialista, excedeu em dois milhões os limites de endividamento fixados na lei, e, em 2009, ano de eleições autárquicas, triplicou a derrapagem, ultrapassando em mais de seis milhões os limites legais de endividamento. Chegou agora a factura: conforme estabelecido, a lei penaliza o seu endividamento alem dos limites, cortando-lhe 10% nas transferências do OE.
O novo presidente da Câmara queixa-se, e com razão, de “estarem a ser penalizados por decisões tomadas no passado”. E queixa-se, sem razão de que se o Governo aplicar a lei, não terá dinheiro para pagar os subsídios de Natal à sua legião de funcionários. E não vê outra solução que não a de cortar no “que não é fundamental: iluminações de Natal, festas, horas extraordinárias e ajudas de custo”.
Realmente, pensando que temos mais de 300 municípios e alguns deles na mesma situação do Alandroal, também não vejo outra solução…Só não percebo é porque razão foi preciso esperar até quase ao final do ano para se darem contas…das contas. E, francamente, custa-me a atender como é que , com um funcionário por cada 28 habitantes, ainda é necessário pagar horas extraordinárias, e como é que, com 4525 euros de divida pesando nas costas de cada munícipe, ainda sobra dinheiro para festas.
Se quer saber como é que chegámos onde chegámos, à iminência da bancarrota, é fácil: O Alandroal é Portugal.
Nota: como todos sabemos, o município tem 6 freguesias e não 16.
8 comentários:
Miguel Sousa Tavares
Espresso, 23 de Outubro de 2010
Final da crónica:
"Se quer saber como é que chegámos onde chegámos, à iminência da bancarrota, é fácil: O Alandroal é Portugal."
Pois é...
Para mal dos nossos pecados, caiu-nos em sorte nos últimos oito anos, do piorío que poderia haver em gestão financeira e humana, de uma falta de honestidade intelectual e política de bradar aos céus.
Logo tinha que calhar ao concelho do Alandroal, um dos mais pobres do país!
Todos os cortes na despesa referentes a gastos supérfulos, só têm que ser entendidos pela população.
Aproveito para dizer aos senhores bloguistas administradores, que continuar a alimentar falsas discussões nos blogues em nada contribuem para a pacificação do concelho, e a resolução dos seus problemas mais prementes.
Um abraço,
Cabé
Nascido no Estado Livre da Baviera, extremo sul da Alemanha,
Brecht(com seu nome verdadeiro Elvis Presley)
Com a eleição de Hitler, em 1933,
Brecht exila-se primeiro na Áustria, depois Suíça, Dinamarca,
Finlândia, Suécia, Inglaterra,
Rússia e finalmente nos Estados Unidos.
Recebeu o Prêmio Lênin da Paz em 1954
mudou completamente a função e o sentido social do teatro,
usando-o como arma de conscientização e politização
estudou medicina e trabalhou como babá numa mansão no Havaí
Eugen Berthold Friedrich Brecht
(Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim,
14 de Agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo,
poeta e encenador alemão do século XX.
"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa
o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância
política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que
é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Nada é impossível de Mudar.
Neste concelho, não somos todos "analfabetos".
-Foí só para dar uma achega ao post que enviei que não vai ser piblicado.
Exactamente Cabé. As discussões nos blogues em nada contribuem para a resolução dos gravíssimos problemas do concelho. É preciso que as pessoas aceitem a realidade e dêem o seu contributo para a resolução dos problemas. É necessário que todos queiram fazer parte das soluções e não dos próprios problemas. Só assim se poderão superar as dificuldades que o municipio enfrenta.
Mariana
Exactamente Cabé. As discussões nos blogues em nada contribuem para a resolução dos gravíssimos problemas do concelho. É preciso que as pessoas aceitem a realidade e dêem o seu contributo para a resolução dos problemas. É necessário que todos queiram fazer parte das soluções e não dos próprios problemas. Só assim se poderão superar as dificuldades que o municipio enfrenta.
Mariana
A vitória sobre a tirania!
E quantos funcionários é que o presidente Grilo já mudou de sitio só porque foram apoiantes do candidato Nabais?
Ninguém é perfeito, e, o presidente não melhora a governação, com elogios á má governação(dele), só para parecer bem.(LAMBEDORES)
Só não aceitam criticas, os prepotentes como o nosso ex presidente, e temos aí o resultado.
qual resultado?ainda não viram que a linha de gestão de recursos humanos de ambos é exactamente igual, então para que andam aqui a chamar nomes a um e a defender o outro se eles fazem exactamente o mesmo, não conseguem enxergar que é tudo igual. só mudaram as pessoas, de resto tudo o que criticavam estão a fazer, obviamente que há coisas difeerentes(poucas)as pessoas são diferentes
deixem-se de ofensas a uns e outros, andam aqui a alimentar o´ódio que eles têm um ao outro e eles a manipularem-vos.
e este não é prepotente?
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