Alandroal: Condenação
em Tribunal por Processos de 2001 Leva a Retenções de 20% das Transferências do
Estado Durante 10 Meses
Numa câmara em dificuldades, as más
notícias nunca param de chegar. A Câmara Municipal do Alandroal foi condenada a
pagar à massa insolvente da empresa “Pavia – Pavimentos e Vias S. A.” cerca de
900 mil euros à razão de 88 mil euros por mês, com início a 15 de Novembro e
durante os próximos 10 meses. Os pagamentos serão feitos, por ordem do tribunal,
através da retenção de 20% das transferências que o Estado faz mensalmente para
o município.
Em 2001, quando tomou posse o
executivo PS liderado por João Nabais, estavam por pagar na câmara facturas da
Pavia num total de cerca de 300 mil euros relativas a pavimentações e
arruamentos realizados no concelho nos meses anteriores. Por opção de João
Nabais, e apesar de as obras estarem inequivocamente contratadas, realizadas e
facturadas, não foram pagas, nem foi feito qualquer acordo de pagamento com a
empresa. Optou-se por levar os processos para tribunal.
“Onde estaria esta câmara se eu
tivesse adoptado a mesma atitude em relação aos milhões de euros de dívidas aos
construtores que encontrei nas mesmas circunstâncias?” Questiona o actual
autarca. “Ou em relação a obras não contratadas mas já realizadas? Ou em
relação a adiantamentos pagos a empreiteiros para obras que não chegaram a ser
iniciadas?” Quando assumi funções não havia um cêntimo pago de obras tão
diversas como a requalificação da Praça de República, do Complexo Desportivo de
Alandroal, do Centro Escolar de Santiago Maior, do Loteamento da Tapada do
Cochicho. Todas elas estão hoje concluídas e pagas quase na totalidade.
Para João Grilo esta é mais uma
evidência do modo como as irresponsabilidades do passado vão continuar a
penalizar o concelho por muito tempo. “As nossas receitas mensais não chegam
aos 500 mil euros. Mais de 85% deste valor vai para vencimentos, despesas de
funcionamento, e todos os compromissos que temos na educação, acção social,
saúde, cultura, desporto, etc. Se juntarmos a isto tudo o que o município está
a pagar em acordos de pagamento de dívidas antigas, juros de mora de dívidas
ainda existentes concluímos que temos vivido num equilíbrio dificílimo, com
condenações como a que agora nos chega, a situação torna-se insustentável.”
A título de exemplo, o município
ainda deve 300 mil euros relativos a aluguer de tendas da Expo-Guadiana de 2009
e está a pagar mensalmente despesas realizadas com palcos, luz e som das Festas
de Setembro do mesmo ano.
Recorde-se que, por iniciativa do
presidente da câmara, a Assembleia Municipal de Alandroal declarou em Junho
passado o “estado de desequilíbrio estrutural e de ruptura financeira”, mas o
Plano de Reequilíbrio Financeiro elaborado, de acordo com a lei, pelo executivo
MUDA em consequência desta decisão tem sido sucessivamente chumbado pelos
vereadores do PS e da CDU.
Este plano previa a reestruturação
total da dívida do município e o recurso
ao PAEL, linha de crédito de 1000 milhões de euros a uma taxa de juro de
cerca de metade da praticada pela banca. Uma linha que o governo criou para que
as autarquias em dificuldades pagassem dívidas antigas a fornecedores. Ao
Alandroal estavam atribuídos 4 milhões de euros que assim se perderam.
João Grilo adianta que “mesmo sem
PAEL, continua a ser fundamental aprovar um Plano de Reequilíbrio Financeiro do
município sob pena de, se tal não acontecer, este entrar em absoluta rutura.
Com isso perdem todos os munícipes e não ganha nenhuma força política”, pelo
que diz acreditar que o bom senso vai prevalecer e o município vai sair deste
impasse. “Esta dívida à Pavia está contemplada no plano e assim que este seja
aprovado será possível interromper imediatamente as retenções em causa”.
Fonte: Gabinete de Imprensa C.M.A.
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