Intervenção do Presidente da Câmara, João Grilo:
Exmo. Sr. Presidente da
Assembleia Municipal,
Exmo. Sr. Director Regional do Alentejo do Instituto
Português do Desporto e Juventude, Dr. João Araújo, em representação do Sr.
Secretário de Estado do Desporto e Juventude e do Sr. Presidente do Instituto Português
do Desporto e Juventude,
Exmo. Sr. Vice-Presidente da Federação Portuguesa de
Futebol, Sr. Carlos Coutada,
Exmo. Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Reguengos
de Monsaraz,
Srs. Vereadores, Srs. Presidentes
de Junta e restantes autarcas,
Exmos. Srs. representantes dos
clubes dos concelhos vizinhos,
Restantes convidados,
Dirigentes desportivos do
concelho e atletas,
Minhas senhoras e meus senhores,
Caras amigas, caros amigos,
Podíamos dizer que está muito
bonito, que a vista é magnífica...mas ainda ficava muito por dizer.
É difícil explicar o que passa
pela cabeça de um presidente de câmara na minha
circunstância quando tem que
escrever umas linhas sobre num momento como este.
Os sentimentos são contraditórios
e por detrás da alegria de ver concluído um grande objectivo, fica a angustia
de saber tudo o que poderia ser diferente.
Quando iniciámos funções, em 03
de Novembro de 2009, esta obra estava em andamento há 6 meses (Maio de 2009) sem um cêntimo pago ao construtor.
Para além disso, estava a ser
executado um projecto muito diferente daquele que tinha sido aprovado para
financiamento comunitário e que nem sequer estava aprovado na câmara municipal.
Nesse projecto, ficavam de fora
aspectos tão importantes como as marcações para rugby e “futebol de 7”, ou o
alargamento da vedação.
Assim, foi necessário interromper
os trabalhos para fazer as possíveis alterações de modo a garantir o
financiamento comunitário e a continuidade da obra.
Mais ainda, para esta obra seria
necessário um financiamento bancário de um milhão de euros para fazer face à
contrapartida nacional que nunca chegou a ser autorizado por causa do excesso
de endividamento da autarquia.
Face às dificuldades financeiras
da autarquia, e como é fácil de perceber, foi extremamente difícil encontrar os
fundos necessários para compensar essa falta de financiamento e concluir a
obra.
Mas ela aí está.
Mas voltemos atrás, ao início
desta história porque, do meu ponto de vista, foi logo no início, na opção de
localização e na filosofia do projecto, que se escolheram as piores opções.
A Câmara Municipal do Alandroal,
à semelhança dos concelhos
vizinhos, teve acesso a uma
candidatura a fundos comunitários para construção do “Primeiro Relvado” sintético
do concelho que incluía bancadas, iluminação e alguns arranjos exteriores.
Nesta medida do POVT (Programa Operacional Valorização do Território) poderia
beneficiar de um financiamento de até 675 mil euros, para um investimento total
de 965 mil.
Neste cenário o que fizeram os
concelhos vizinhos do nosso para ter um campo relvado com um mínimo de custos?
Redondo, Borba ou Estremoz
adaptaram os campos de futebol existentes às características do programa e do
financiamento.
Nenhum dos municípios vizinhos
optou por construir uma novo
estádio de raiz.
Mas o Alandroal tinha que ser
diferente. O Alandroal não podia simplesmente adaptar o antigo campo
aproveitando os fundos comunitários. Não. O Alandroal tinha que se fazer “à
grande” – tinha que se fazer, como se dizia na altura, “o segundo estádio de
Braga”, escavado na rocha!
Pois bem. Quanto é que esta opção
custou a mais a todos nós?
Só para começar, representou logo
145 mil euros não financiados pagos pelo terreno.
A seguir, mais 83 mil euros para
o projecto, pago como novo, mas adaptado do de Freixo de Espada à Cinta.
Depois, precisou de mais 200 mil
euros não financiados para terraplanagens.
Os estacionamentos e outros
aspectos não financiados custaram mais 630 mil euros.
Ou seja, num custo total de obra
de 2 milhões de euros, 675 mil são financiamento comunitário e 1 milhão e 325
mil são fundos próprios que a câmara não tinha!
Este é um rácio ruinoso para
qualquer câmara!
No total, comprometeu-se com esta
obra um milhão de euros a mais do que era possível e seria desejável.
Só para vos dar uma ideia, face
às obras que temos por fazer, este milhão de euros dava para construir o Pólo
Escolar de Terena, o pavilhão
gimnodesportivo da escola do Alandroal (que está sem financiamento) e ainda
fazer campos relvados em Santiago Maior, Terena e Rosário – localidades onde
existe prática desportiva regular e onde esta necessidade é cada vez mais
sentida.
Mas em vez disso está aqui,
enterrado debaixo dos nossos pés!
Por isso deixem-me ser claro:
Esta localização não seria a
nossa opção.
Este projecto não seria o nosso
projecto.
Não é assim que se gasta dinheiro
público.
Mas como todos sabem, não
podíamos voltar atrás.
Tentámos corrigi-lo no que foi
possível, aproveitar o financiamento ao máximo e, com muito sacrifício,
colocá-lo ao serviço da população da melhor maneira possível como é nossa
obrigação de autarcas responsáveis.
Paradoxalmente, ao mesmo tempo
que se projectava este complexo desportivo, desaparecia, por razões que são do
conhecimento de todos, o futebol sénior na sede concelho.
Com a conclusão desta obra
poderão voltar a emergir as vozes que defendem o regresso em força da
modalidade nos moldes de antigamente.
Deixem-me que mais uma vez vos
fale bem claro: embora lamente que se tenha chegado a tal ponto, não sinto,
neste momento, essa pressão.
Penso que já todos percebemos que
não há, nem vai haver nos próximos anos, dinheiros públicos que possam
sustentar altos voos nesta matéria e é bom que os sonhadores assentem os pés na
relva ou procurem financiamentos de outras formas.
Estaremos cá para apoiar todas as ideias que tenham
sustentabilidade associada, mas deixem-me dar-vos uma garantia: os poucos
recursos da autarquia vão continuar a ser canalizados para a formação de jovens
nas diferentes modalidades e para o futebol no seu estado mais amador.
Queremos desmultiplicar cada euro
que é investido no desporto pelo máximo de praticantes locais possível.
Enquanto estiver nas nossas mãos,
o dinheiro de todos nós não será usado para que joguem no Alandroal
“profissionais” de fora do concelho.
Aproveito para deixar aqui um
apelo à Federação Portuguesa de Futebol, na pessoa do seu vice-presidente, para
que olhe para o momento dramático que vive o futebol dos escalões jovens e o
futebol amador face às dificuldades das autarquias e das empresas em canalizar
recursos para apoiar estas modalidades.
Sejamos claros, sem o apoio da
autarquia não haveria neste momento no concelho do Alandroal, assim como em
outros concelhos do país, qualquer actividade a este nível.
É por isso urgente encontrar
novos modelos de financiamento destas modalidades. É preciso que o futebol
profissional cumpra o seu dever social de apoiar a formação dos jovens.
Neste campo vão realizar-se os
jogos do Campeonato do INATEL da equipa da Associação Alandroal United.
Neste campo vão jogar e treinar
alguns dos escalões de formação do Centro de Cultura e Desporto de Terena.
Neste campo vai funcionar a
escola de rugby do Clube de Rugby de Juromenha.
Neste campo, o Santiago Maior e o
Rosário vão realizar alguns dos seus jogos e treinos.
Neste campo vão realizar-se
torneios e encontros desportivos mobilizadores da prática desportiva e capazes
de trazer visitantes ao concelho.
Neste campo, o agrupamento de
escolas, as associações, os veterenos, os grupos de amigos – de forma
organizada e devidamente regulamentada – vão poder fazer os seus jogos.
Parece-nos que esta já será uma
excelente ocupação e rentabilização de um espaço que se quer de todos e para
todos.
Não é preciso “inventar” mais
nada!
E oxalá consigamos assegurar no
futuro os recursos financeiros necessários aos funcionamento de todas estas
actividades, já que os custos de manutenção de uma estrutura destas são muito
elevados, como todos podem calcular.
Disponibilizar hoje à população
esta obra – com todos os problemas que ela apresentava, sem o financiamento
bancário que era esperado e no momento difícil que atravessamos – representa
para todos nós uma grande vitória só possível graças à determinação e empenho
dos eleitos, mas também ao trabalho sério, competente e rigoroso dos técnicos
da autarquia, responsáveis pela totalidade do seu acompanhamento.
É graças a este esforço conjunto
que estamos a concluir outras obras que herdámos com problemas semelhantes e
que estamos também a lançar novas obras e a projectar muitas outras.
O Centro Escolar de Santiago
Maior já está em funcionamento, a obra de Requalificação do Interior do Castelo
do Alandroal está em andamento. Na próxima semana têm início as obras da creche
de Santiago Maior e já está a decorrer o concurso público para a obra de
Requalificação do Pólo Escolar de Terena. Só para vos dar alguns exemplos.
Mas no que a esta obra em
concreto diz respeito ainda não podemos ficar por aqui. Há ainda lacunas a
corrigir, e como todos podem constatar, a zona envolvente a este Complexo
Desportivo, no lado que coincide com o acesso à vila, precisa agora de obras de
requalificação que não estavam projectadas.
Já estamos a trabalhar neste
projecto e vamos tentar aproveitar o espaço para criar mais um recinto
desportivo onde seja possível praticar outras modalidades como o ténis, o
basquetebol ou o futebol de 5.
Portanto meus amigos, e em
conclusão, se soubermos aprender com os erros do passado, e porque é o futuro
que nos interessa e motiva, podemos dizer que este é um dia de alegria.
Podemos dizer que é um dia de
festa para as crianças, para os jovens e para todos os munícipes que vão a
partir de hoje tirar partido desta infraestrutura.
Muito obrigado a todos.
Sem comentários:
Enviar um comentário