Cerca de 300 apoiantes do MUDA estiveram presentes na festa de 1º aniversário do movimento
Desta festa, animada e muito particpada, deixamos aqui o texto da intervenção de João Grilo. Em próximas postagens faremos a fotoreportagem do encontro.
Caras amigas, caros amigos,
Muito obrigado a todos pela vossa presença!
Quero começar com um agradecimento a todos os amigos do MUDA que ajudaram a preparar este encontro. Muito obrigado a todos!
Há exactamente um ano atrás, um grupo de pessoas (que na altura não seriam mais de 100) juntou-se neste local, numa tarde de muita chuva, para fazer uma afirmação de intenções: Esse grupo de pessoas estava preocupado com o futuro do concelho. Esse grupo de pessoas não se revia em nenhuma das alternativas que lhe eram apresentadas para a governação local. Esse grupo de pessoas propunha-se, assim, criar um novo espaço na política local do concelho. E não um espaço qualquer, mas um espaço que constituísse uma verdadeira alternativa ao poder instalado.
Decidimos assim, nesse dia, lançar um movimento independente a que chamámos MUDA para concorrer às eleições autárquicas que se realizariam pouco mais de 4 meses mais tarde, no dia 11 de Outubro de 2009.
Porque é que o fizemos? Lembram-se?
Para encontrar soluções para os problemas do Concelho;
Para interromper um caminho que já todos tínhamos percebido que não levava a lado nenhum;
Para sermos uma alternativa séria, credível e competente para pôr em prática essas soluções;
E para criarmos uma dinâmica de participação cívica. E muitos se juntaram a nós depois desse primeiro momento.
Lembram-se do que diziam de nós quando aparecemos?
Quando nos viram aparecer disseram: “Nem sequer as assinaturas vão conseguir”
Quando viram que tínhamos mais do dobro das necessárias disseram: “Nem sequer listas vão conseguir formar”
Quando apresentámos listas a todos os órgãos do poder local do concelho disseram: “Nem um vereador vão conseguir eleger”.
E como todos sabem, pouco tempo mais tarde e depois de uma extraordinária campanha em que todos demos o máximo por este movimento, ganhámos as eleições!!
E mesmo quando nos viram ganhar ainda disseram que “havia erros nas contagens” e íamos perder a seguir. E a contagem final não mudou nem um voto! E depois disseram que “não nos aguentávamos nem um mês”. E hoje já dizem que “não passamos dos 4 anos”…
Falaram e continuam a falar muito. Mas digam-me vocês: vale a pena dar-lhes ouvidos? Não! Vamos continuar a responder como respondemos até aqui: com trabalho sério, unidade e espírito de sacrifício.
É que nós ganhámos as eleições!!
Em cinco meses de trabalho, nós ganhámos as eleições! Com uma envolvência extraordinária, ganhámos as eleições! Contra a mentira, o medo e a perseguição, ganhámos as eleições! Contra tudo e contra todos, ganhámos as eleições!
Têm ideia do extraordinário que foi este feito?
Sabem quantas câmaras são governadas por movimentos independentes no país neste momento? Sete! Sete em 308 câmaras!
E dessas sete, quantas têm na liderança uma pessoa que ainda não tivesse sido presidente de câmara no concelho (por um partido)? Apenas um…o Alandroal!
Eu sou, graças a todos vós, o único presidente de câmara do país, eleito nas listas de um grupo de cidadãos eleitores, que nunca antes tinha sido presidente de câmara por nenhum partido.
Devo-o a todos vós e à vossa capacidade de lutar por aquilo em que acreditam!
A verdade é que no Alandroal demos uma lição de humildade, de democracia e de sabedoria ao país.
E conseguimos tudo isto porquê? Porque tínhamos um caminho a seguir, porque tínhamos objectivos, e nunca nos incomodámos com o que as más línguas diziam!
Hoje, passados seis meses sobre o momento da nossa eleição, é mais urgente que nunca manter esta determinação.
A nossa vitória foi, como com certeza já perceberam, um feito extraordinário.
Mas se a compararmos com os desafios que estamos a enfrentar neste momento e com aqueles que temos pela frente, então digo-vos, que a nossa vitória foi talvez o mais fácil de conseguir.
E isto porquê? Porque como compreendem, as dificuldades ainda são muitas!
Ou alguém estaria à espera que em seis meses conseguíssemos resolver todos os graves problemas do concelho?
Sabíamos que a câmara estava a ficar numa situação insustentável, só não tínhamos a noção da verdadeira dimensão do descalabro!
Encontrámos uma casa totalmente desarrumada e afundada em dívidas. Os resultados preliminares da auditoria financeira apontam para 31 milhões de euros de dívida acumulada. Destes, mais de 15 milhões são dívida de curto-prazo a fornecedores.
31 milhões de euros, …mais de 6 milhões de contos em moeda antigaSe pensarmos que há 8 anos a dívida não passava dos 2 milhões de euros, 400 mil contos…podemos calcular a dimensão da tragédia. 3 milhões e meio ao ano de aumento da dívida.
Numa câmara com cerca de 7 milhões de receita anual, significa gastar todos os anos mais 50% daquilo que se recebe. Digam-me: como estariam as vossas casas se cada um gastasse todos os anos mais metade daquilo que recebe?
E tudo isto para quê? O que mudou realmente neste concelho que justificasse todo este compromisso do futuro? Depois das grandes festas, dos grandes passeios e das grandes viagens…o que mudou nas nossas vidas? Depois da “política do betão” – um modelo esgotado e ultrapassado no perspectivar do crescimento de um município, da sua atractividade ou da sua capacidade para fixar populações, o que ficou mais?
Esta aposta deixou-nos com os mesmos problemas estruturais de falta de tecido económico e de falta de oportunidades para os jovens, mas com bastante menos capacidade financeira para os ultrapassar.
Temos um caos de obras espalhadas pelo concelho, algumas em situação muito difícil de desbloquear e muitas com financiamentos perdidos.
Mais de um milhão de euros que esta câmara teria recebido se tivesse concluído a tempo obras que se arrastaram por anos. É isto boa gestão?
Temos empreiteiros do concelho que tinham obras concluídas e sem ter recebido um tostão…enquanto que outros receberam chorudos adiantamentos para obras que nem chegaram a começar. É isto ajudar os empresários locais?
E temos uma câmara que funciona mal e que pode melhorar bastante os serviços que presta à população: nas águas e no saneamento, nos lixos e no atendimento ao munícipe…temos muito por onde melhorar!
Estes foram 6 meses de intensa actividade interna para dar resposta aos problemas mais prementes…lembro que quando entrámos nem sequer havia dinheiro para os vencimentos dos funcionários porque tinha sido gasto na última expo e festas de Setembro.
Assegurámos, neste período, a continuidade de algumas das obras iniciadas e estamos a trabalhar para desbloquear e concluir obras paradas há muito ou que não chegaram a arrancar.
Fizemos do atendimento ao munícipe uma prioridade, com o atendimento a decorrer em Santiago Maior na última Quinta-feira de cada mês.
Acolhemos com total abertura e espírito de colaboração uma inspecção ordinária da IGAL (Inspecção Geral da Administração Local).
Não só não temos medo de nada nem temos nada a esconder, como queremos que todos saibam o que se passou na câmara do Alandroal nos últimos anos!
Esta inspecção provou que os serviços da câmara não estavam preparados para funcionar e detectou possíveis matérias mais gravosas que foram remetidas para os tribunais, mas sendo certo que estamos de consciência tranquila quanto aos actos praticados por nós na nossa gestão.
Trabalhámos afincadamente na aprovação de um Plano de Saneamento Financeiro de modo a podermos contar com 10 milhões de euros para fazer face às dívidas mais prementes.
Não deixa de ser um empréstimo, que tem que ser pago com juros. É um plano restritivo e limitante que vai condicionar a gestão nos próximos 12 anos. Mas ao mesmo tempo obrigatório nesta fase e a prova do descalabro em que se encontravam as contas do município.
Mas estamos cá para trabalhar, não para nos lamentarmos!
A nossa equipa está a mudar a forma de trabalhar no apoio ao investimento, no turismo, na educação e na cultura, na acção social e na saúde, assim como no apoio ao associativismo e ao desporto.
Há sectores da nossa actividade onde a mudança ainda não é visível. Mas posso garantir-vos que ela está a ser preparada e que irá chegando até vós de forma progressiva.
Com o maior grau de exigência dos nossos munícipes (para o qual nós contribuímos, e ainda bem!) e com as dificuldades que todos sentimos pela crise económica que vivemos, sabemos que não vamos beneficiar do “estado de graça” que outros tiveram longamente no passado.
Temos que fazer muito mais, em menos tempo e com muito menos recursos!
Mas isso não nos intimida, antes pelo contrário, motiva-nos ainda mais!
O que fez do MUDA um projecto vencedor foi o envolvimento, a participação e o contributo de cada um.
Esse envolvimento é agora mais necessário que nunca! Venham ter connosco…ajudem-nos a identificar e a resolver os problemas. E por cada problema tragam uma solução, ajudem-nos também a resolver!
Façam parte da mudança.
Contem com uma equipa dedicada, unida e disposta a ouvir-vos!
Continuem a acreditar, como nós, que o MUDA veio para mudar o concelho e nada nos pode parar! Viva o MUDA!
Muito obrigado a todos!
1 comentário:
Estamos no caminho certo a as palavras sábias do amigo João Grilo foram exemplares. Discurso sóbrio, carregado de emotividade e convívio fraterno a lembrar os dias solidários de campanha. Um abraço para todos os amigos do MuDA!
Cabé
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