Intervenção do Presidente da Câmara, João Grilo, na evocação do 25 de Abril de 1974 antes de cerimónia de inauguração da requalificação da antiga Escola Primária do Alandroal
Exmo. Sr. Presidente da
Assembleia Municipal,
Exma. Sra. Directora Regional de Educação do Alentejo, Dra.
Maria Reina Martín,
Exmo. Sr. Director da Escola Popular Túlio Espanca,
Professor Bravo Nico,
Exmo. Sr. Director do Agrupamento Vertical de Alandroal,
Srs. Vereadores, Srs. Presidentes
de Junta e restantes autarcas,
Antigos professores e alunos
desta escola,
Minhas senhoras e meus senhores,
Caras amigas, caros amigos,
Passam hoje 38 anos sobre o 25 de
Abril de 1974.
Numa altura em que o país está
endividado e a viver de ajuda externa, numa altura em que o desemprego não pára
de aumentar, numa altura em que as dificuldades das famílias são cada vez
maiores e começam a mexer com a estrutura do tecido social, numa altura em que
sentimos que a Justiça não resolve, que a Saúde nos vai faltando, que a
Protecção Social é menor,e que a Segurança não nos tranquiliza, é importante
não esquecer o longo caminho percorrido desde esse dia até hoje.
Neste clima em que vivemos, tenho
ouvido algumas pessoas dizer, de animo muito leve, que “isto só já lá vai com
outro 25 de Abril”!
E confesso que é uma afirmação
que me espanta e preocupa.
“Outro 25 de Abril”? O que quer
isto dizer? Outra revolução? Será que quem diz isto tem noção do que está
dizer?Será que quem diz isto sabe o que foi o 25 de Abril e para que serviu?
Uma revolução feita para destruir
uma ditadura e criar condições para instalar no seu lugar uma democracia tem
toda a legitimidade, merece ser celebrada e será sempre um dos grandes exemplos
que Portugal deu ao Mundo de que sabe estar do lado certo da História. (E é
graças a isso e por isso que aqui estamos hoje!)
Mas defender uma revolução em
democracia o que é?Pode um qualquer grupo de pessoas achar que, pela força das
armas ou de qualquer outra forma, tem o direito de impor à maioria o que a sua
vontade particular?Então, meus amigos, não é isso mais que a defesa da ditadura
e o mais baixo dos ataques à Democracia?
Não pode ser esse o caminho!Tem
muitos defeitos a Democracia, todos os conhecemos, e em momentos de crise eles
são ainda mais evidentes.
A nossa democracia está longe de
conseguir acabar com a injustiça, com a desigualdade, com a corrupção, com o
despesismo, com o desgoverno...
Mas com todos os seus defeitos,
como terá dito Churchill, e como canta Sérgio Godinho, “A Democracia é o pior
de todos os sistemas, com excepção de todos os outros.”
É dentro dela que temos que
encontrar soluções.
A Democracia não chega aos Povos
acabada e pronta a usar sem contra-indicações!Precisa de ser construída,
defendida e reinventada a cada dia, os seus males constantemente combatidos e
não, pelo contrário, posta em causa!
Portanto, ou estas vozes que
agora se ouvem são periféricas dentro da nossa sociedade – e eu quero acreditar
que sim – ou o caminho que temos que percorrer é mais longo do que parece.
A defesa da Liberdade nunca é um
trabalho acabado.
A liberdade é como o ar que
respiramos: está por todo o lado, raramente pensamos nele, não podemos viver
sem ele, mas só nos apercebemos da sua importância quando nos começa a
faltar.Da mesma forma, só damos importância à liberdade que nos rodeia quando
ela começa a ser beliscada.
Sei qual era o ar que se
respirava no concelho ainda não há muito tempo.Sei qual era o ar que se
respirava dentro da Câmara Municipal ainda não há muito tempo.
Sei que a muitos, dentro e fora
da câmara, ia faltando o ar no dia a dia.
Sei que hoje se respira outro ar.
Ar puro que até faz parecer que sempre foi assim.Pois eu peço-vos que respirem
fundo, encham bem os pulmões e valorizem essa dádiva que é vossa por direito
mas que está sempre em risco de vos ser retirada!
Fico muito satisfeito por
estarmos a criar na câmara e no concelho uma forma de estar em que as pessoas
se sentem livres para opinar, para discordar, para fazer apenas o que acham que
está correcto, para avaliarem e serem avaliadas, para se envolverem nas
decisões, para fazerem parte da solução e não do problema.
E isto, é mais importante para o
Concelho do que qualquer outro tipo de “obra”. É nisto que o Concelho mais
precisa de crescer!
Precisamos de ter uma população
mais exigente consigo própria e com os seus políticos. Mais capaz de pensar por
si própria em vez de seguir cegamente um símbolo, uma bandeira, uma pessoa ou
uma cor! Menos permeável a promessas e a falsos profetas. Mais exigente com a
verdade, com a transparência e com o rigor. Só assim vamos conseguir construir
o Concelho que ambicionamos e é este o nosso maior desafio.
Inauguramos de seguida a obra de
requalificação da Antiga Escola Primária do Alandroal. Um espaço que faz parte
da memória e do imaginário colectivo da maioria dos alandroalenses. Um espaço
de educação, de crescimento, e de formação
da identidades dos homens e mulheres do concelho do Alandroal ao longo de
gerações.
Um espaço que requalificámos para
voltar a ter funções educativas. Aqui vai ficar sediado o Pólo do Alandroal da
Escola Popular Túlio Espanca, projecto que começámos a desenvolver no início do
mandato e que conta hoje com quase 500 alunos, distribuídos por actividades tão
diversas como a ginástica, o teatro, a informática, o inglês, a história, a
poesia ou os instrumentos tradicionais e já presente em quase todas as
localidades do concelho.
Aqui está já instalada,
provisoriamente, a Creche “Anastácia Franco de Carvalho” do Centro Social e
Paroquial de Alandroal, que se encontrava em instalações muito degradadas e a
ficar sem condições mínimas de funcionamento.
O espaço da cave volta a
funcionar como sede da Sociedade Columbófila Alandroalense.
Aqui vai haver espaço para
formações, workshops, ateliês... É portanto, com um enorme prazer que retiramos
do esquecimento este magnífico edifício e o devolvemos à comunidade local.
Esta obra é o melhor exemplo da
filosofia que queremos imprimir neste concelho: Sempre que possível evitaremos
a construção de edifícios novos, procurando recuperar antigos edifícios, com
interesse histórico, localizados no coração das localidades, para com isso,
também lhes dar-mos vida.
Este largo onde nos encontramos é
um bom exemplo disso.
Depois da requalificação desta
escola, estamos já a ultimar o projecto de requalificação da Capela de Santo
António para que esta reúna todas as condições para continuar a funcionar como
casa mortuária.
E aqui bem perto, também já
estamos à procura de soluções para o antigo Posto da Guarda Fiscal do
Alandroal, que até há bem pouco tempo acolheu a biblioteca municipal.
Nas nossas costas, por detrás
deste edifício, está o exemplo oposto, aquilo que não se deve fazer bem à vista
de todos. Mas garanto-vos que também esta biblioteca será concluída.
Ainda no que diz respeito à
educação, temos em fase de conclusão o novo Centro Escolar de Santiago Maior,
obra que encontrámos em andamento mas sem um cêntimo pago ao construtor – que
acabou por ter que ser substituído – e que estará pronta a tempo do arranque do
próximo ano lectivo.
Na última reunião de câmara foi
aprovado o projecto, programa de concurso e caderno de encargos da
requalificação da Escola de Terena, que vai continuar a acolher os alunos do
primeiro ciclo e do pré-escolar da freguesia. A obra vai arrancar muito em
breve e esperamos poder contar com o apoio da Direcção Regional de Educação
para esta obra que ronda os 300 mil euros de investimento e que não pode ser
enquadrada em financiamento comunitário.
Por fim, quero dizer-vos também
que, em colaboração com a Direcção Regional de Educação, temos feito progressos
para desbloquear a situação da EBI Diogo Lopes de Sequeira, aqui no Alandroal,
onde ficaram por executar o pavilhão gimnodesportivo e alguns arranjos exteriores.
E falo apenas do trabalho mais
ligado à educação. Porque estamos a trabalhar com igual determinação no apoio
aos jovens e aos empresários, na acção social e na cultura, no turismo e no
património e em todas as áreas da actividade municipal.
Portanto, meus amigos, só alguns
mais desatentos ou com outras motivações é que podem dizer que estamos parados
na Câmara do Alandroal.
Não só não estamos parados, como
estamos a preparar o futuro com o horizonte mais amplo com que alguma vez se
trabalhou neste município. Estamos a preparar o futuro a olhar para cima mas
com os pés bem assentes na terra. Estamos a preparar o futuro com um equilíbrio
entre pragmatismo e ambição que este concelho nunca teve. Estamos a preparar o
futuro com um equilíbrio entre o que queremos fazer e o que podemos gastar, e a
definir as prioridades certas com profundo respeito pelos dinheiros públicos.
Peço a todos que nos ajudem a
prosseguir neste caminho.
Viva o 25 de Abril,
Viva o Concelho do Alandroal,
Viva Portugal!
Viva Portugal!
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